Corinthians: Preto no Branco


Que Corinthians é este?
novembro 17, 2008, 2:48 pm
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Da coluna de Juca Kfouri

O Corinthians subiu, como se sabe. E foi campeão, como também se sabe. Mas de que Corinthians falamos?

CORINTIANOS exigentes cobraram o colunista por não ter dedicado espaço à subida do Corinthians à Série A e por ter mencionado apenas de passagem, na frase do técnico Mano Menezes, o título da Série B. Não adiantou argumentar que o texto da cobertura do jogo que valeu a subida foi da lavra do dono da coluna, algo que até protesto de flamenguista causou, pela menção a eventuais 30 milhões de corintianos pelo país afora.

(O rubro-negro achou que era uma maneira disfarçada de sugerir que há mais corintianos que flamenguistas, coisa que, de fato, nem passa pela cabeça do autor). Importa mais, no entanto, em vez de festejar, observar que Corinthians temos hoje, qual teremos no ano que vem e, principalmente, no ano do centenário, em 2010.

Registremos para os incautos que em fevereiro de 2009 haverá eleições para presidente, com voto direto do associado graças ao novo estatuto do clube, maior feito da gestão de Andres Sanchez, porque a subida era obrigação. Tivesse o Corinthians vencido a Copa do Brasil e a história seria outra, mas aquela derrota para o Sport teve o mesmo sabor da diante do Palmeiras, pela Libertadores, quando São Marcos pegou pênalti de Marcelinho Carioca.

A eleição tanto pode resultar na reeleição de Sanchez como pode dar a vitória à oposição. Friamente, o que se vê é que a atual gestão prometeu mais do que entregou em um ano de mandato-tampão depois da catástrofe que foi a parceria com a MSI.

Injusto desconsiderar a herança maldita que pegou, embora a esmagadora maioria dos membros da direção de hoje (como da oposição) estivesse na direção de Alberto Dualib e apoiado a MSI, com as exceções de praxe tanto na área de marketing quanto na jurídica.

O marketing, por exemplo, deu belas bolas dentro e algumas fora, com balanço positivo. E a área jurídica teve o mérito histórico do novo estatuto, além de enterrar a MSI, apesar de que aí ainda haja controvérsias. E o futebol cumpriu com sua obrigação técnica, embora não se possa dizer que tenha honrado a promessa de transparência, envolvido em nebulosas transações como tem sido revelado exaustivamente.

Mano Menezes, é verdade, escapou ileso, apesar de algumas contratações abaixo da crítica, que, dizem, fazem parte. Há quem jure no clube que o time estará na Libertadores no ano do centenário e em condições de ganhá-la para buscar o bicampeonato mundial, o que seria um colosso. E é aí que o colunista que teve sua orelha puxada por não festejar suficientemente a volta à elite (verdade que o blogueiro até festejou), abre os olhos de quem reclamou para a realidade: qualquer título, mesmo um mundial, não compensa se à custa da identidade, do vínculo com a torcida. Não há MSI, Traffic, o que seja, que se justifique.

Porque a outra formidável vitória da administração Andres Sanchez foi a volta do torcedor corintiano ao seu estilo, como sempre desde 1910, exceção feita ao hiato de 2005/06/ 07. E é este torcedor que importa, só ele, mais nada. Nem ninguém.

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Nota da Larissa: O texto é preciso e direto. Sem ufanismos e sem mundo-cão, não é? Pois é. Explicações não se fazem necessárias, mas, de onde retirei o texto (comunidade do orkut), parece que precisa sim. Então, explico, de acordo com a minha visão, porque muito provavelmente dada a sutileza e inteligência do jornalista, o texto seja uma questão de ponto de vista do leitor. Houve quem leu e achou que ele elogiava a gestão Sanchez, houve quem leu, releu e considerou que não, como eu, que acredito na seguinte hipótese:

No texto, Juca deixa bem claro que “a atual gestão prometeu mais do que entregou em um ano de mandato-tampão depois da catástrofe que foi a parceria com a MSI.” E ainda fala que, embora um dos grandes culpados seja o Dualib, Sanchez faz parte de tudo isso, apenas ressalvou o marketing que está longe de ser alguma coisa além de camisetinhas, mas já é alguma coisa perto da Era Carla Dualib. Não que isso seja digno de méritos, precisamos de um departamento de marketing muito mais estruturado, com projetos e não apenas idéias aleatórias, mas obviamente, quando se vem com prazo de um ano pré-determinado, torna-se realmente difícil elaborar e colocar em prática um bom projeto, até mesmo por falta de tempo.

Depois, refere que “a área jurídica teve o mérito histórico do novo estatuto, além de enterrar a MSI, apesar de que aí ainda haja controvérsias.” Ou seja, há controvérsias e aqui, pra quem estudou o estatuto, a menção pode não se referir somente a MSI, mas também ao super, mega, master, plus estatuto que não é nem de longe esse primor democrático que pintam.

Ainda, considera a parte do futebol como obrigação e está correto. Para quem ajudou a afundar o time, traze-lo de volta nada mais é do que obrigação mesmo, digno de mérito algum. E enfatizou que o clube “não honrou a promessa de transparência, envolvido em nebulosas transações como tem sido revelado exaustivamente.” Foi cirúrgico neste trecho, perfeito.

Ressaltou também o fato de sermos “cordeirinhos” o suficiente para Mano Menezes ter saído ileso, nas palavras de Juca, “apesar de algumas contratações abaixo da crítica, que, dizem, fazem parte.” E, penso eu, se ele achasse que não faz, nem teria mencionado o fato ou teria, no entanto, o treinador sair ileso, diante de tantas contratações e, pior, escalações absurdas é um pouco demais. No mínimo, uma crítica merecia.

Ademais, ao citar, já no final do texto, a expressão ‘outra formidável vitória da administração Sanchez’ para se referir à torcida, ele não deixa de ter razão. Porque uma torcida dessas abraçar essa gestão tão obscura, depois de tudo que ocorreu com o clube nas últimas décadas, só com um trabalho formidável de manipulação de opiniões, falsa democracia, promessas não-cumpridas mas ainda esperadas pelos mais alheios, populismo pipoqueiro, enfim…

Juca, por fim, acabou agradando a todos e, possivelmente, a si próprio com um dos poucos bons momentos do ano: a volta do torcedor corintiano ao seu estilo, como sempre desde 1910, exceção feita ao hiato de 2005/06/ 07. E é este torcedor que importa, só ele, mais nada. Nem ninguém.

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Realmente, um grande texto. Uma análise de cuidado ímpar.

São poucos, diria até, raríssimos que conseguem isso.

E a pergunta ainda está no ar, afinal, que Corinthians é este?


10 Comentários so far
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Entendi o texto mais ou menos como vc, só achei que a “formidável vitória da administração Andres Sanchez foi a volta do torcedor corintiano ao seu estilo”, era ironia, do tipo: qualquer imbecil faria o Corinthiano se identificar com o time naquela situação.
Achei também que ele está optando por este texto dúbio, porque o Timão de hoje é uma incógnita. Ninguém sabe do que ele será capaz. Ele se dá o direito de, aconteça o que acontecer, voltar e dizer: “eu não disse?”.

Comentário por Sergio

Diante da postagem detalhada do blog e da colocação feita pelo Sergio em seu comentário, nada mais tenho a declarar porque a minha impressão é exatamente a mesma do amigo no post acima:

‘Achei também que ele está optando por este texto dúbio, porque o Timão de hoje é uma incógnita. Ninguém sabe do que ele será capaz. Ele se dá o direito de, aconteça o que acontecer, voltar e dizer: “eu não disse?”.’

Comentário por Paulo (Shadow)

É certo que como ninguém, ele sabe escrever nas entrelinhas, quem acompanha seu blog se diverte quando ele o faz, é comum ver um texto seu ironizando uma situação e depois ver os blogueiros o malharem por achar que ele defende o ponto de vista ironizado. Não sei se é pelo fato de ser seu leitor, desde a Placar dos áureos tempos, mas para mim esse texto me parece até que direto, uma critica jornalística que mostra o lado bom e o lado ruim. Como ele mesmo explica, o lado da emoção ele colocou no blog e na folha o lado do jornalista, para mim simples e perfeito.
Apenas para reforçar: Quando diz que “embora a esmagadora maioria dos membros da direção de hoje (como da oposição) estivesse na direção de Alberto Dualib e apoiado a MSI”, ele coloca um parêntese no meio que poderia sugerir que é tudo farinha do mesmo saco, quem o acompanha sabe que nem de longe isso é verdadeiro.

Comentário por David Emmanuel

A verdade é uma só, os Corinthianos abraçaram o time, porque foi o pior momento de sua história, e não poderíamos virar as costas nesse momento.

Eu, por exemplo, no dia seguinte à queda, fiquei procurando notícias na internet o dia inteiro, pensando no que EU poderia fazer para ajudar.

Comprei a camiseta eu nunca vou te abandonar pra mim e pro meu filho, e fui ao estádio quando pude.

Isso não é mérito do Andrés, essa mobilização foi um fenômeno de massa, algo natural do ser CORINTHIANO, e não uma ação de marketing.

Méritos à diretoria e ao técnico pela montagem do time, e pela conquista da vaga e do título com sobras, embora tenha ocorrido excesso de contratações, algumas sem sucesso.

Mas acredito que isso aconteceu na tentativa de não errar por omissão, dada ac omplexidade dda situação.

Abraços,

Freeman.

Comentário por José Freeman Junior

Jornalismo é informação, e não literatura, na qual podemos, e devemos, gozar as múltiplas faces da palavra. Espero de um jornalista que ele seja, o mais das vezes, límpido com uma fonte de Lindóia.
Do texto, entendi que ele apontou coisas boas e ruins; sem deixar nas entrelinhas (na verdade enfatizando) os pontos ruins.

Comentário por jeff

A ironia é uma constante em quase todos os textos do Juca, alguns eu acho muito inteligentes outros é chover no molhado, fala, fala, fala e não diz nada, gosto dele como jornalista mas tem hora que acho que ele usa somente o prestígio que tem e pronto, tudo o que escreve é genial, na verdade nem sempre acho que é, mas nesse propriamete dito acima ele diz tudo o que a maioria desse blog pensa, eu, assim como vários outros corinthianos, não comemorei o título da série B, me emocionei sim qdo garantimos o acesso da mesma forma que sofri qdo caiu, e pelas mesmas mãos dos demagogos de plantão que se vangloriam pelo feito e querem arrastar essa vergonha em cima de um carro de bombeiros até o Pacaembú, como disse o Juca ”se tivesse ganhado a Copa do Brasil”, ai sim a estória seria diferente, mas uma coisa que já ouví não só o Juca como outros corinthianos ”ilustres” dizerem que o spfc é um exemplo a ser seguido, isso eu não acho, uma vez que o sonho da turma da vl. sônia é ser o que somos, uma nação apaixonada pelo time em qualquer situação, lotar estádio qdo o time está praticamente garantindo o título é comodismo demais e muitos que criticaram seu técnico e diretoria, hoje aplaudem, contraditório demais, de besta a bestial em 2 rodadas e como disse um amigo são paulino no estádio eles cantavam ”ohhh nosso freguês voltou”, nem praticamente conquistando mais um título nacional eles não conseguem esquecer de nós corinthianos, prefiro ser o corinthiano do terrão que o fresco no japão, e um dia alguem sentará naquela cadeira da presidencia e vai honrar essa nação que não precisa ser igual a ninguem basta ser ela mesma, administrando direito o que nós doentes pelo time oferecemos, não precisamos ser sócio do clube para contribuir, compramos camisetas do time, pagamos nossos ingressos, adquirimos produtos licenciados, enfim, uma nação com mais de 30 milhões de torcedores que se contribuir com 1 real por mês já arrecada 30 milhões fácil, o que falta é simplesmente vergonha na cara mesmo. abraço.

Comentário por Toel

O texto deixa mesmo a cargo da interpretação do leitor, os comentários aqui confirmam. Embora, pra mim, esteja bem claro a evidência dos pontos ruins da gestão, embora sem apelações.

Abraços alvinegros a todos,

Lara.

Comentário por larissabeppler

Olha, embora eu seja alienado pelo Timao, acho que escrever nas entrelinhas hoje eh andar pra tras.

Explico. Essa tatica era usada na ditadura quando os escritores tinham medo de cadeia.

Mas no nosso caso? Medo de dizer na lata? O que?
tem medo de cana? ou processo?

O Jeff matou a pau no comentario. Normalmente gosto do Juca, quando eh pratico, mas quando vem com essas de anos 60, eh dose.

Amadurece cara. E viva o Timão campeão. E no blog dele ele comemorou sim, e tirou muito sarro com antis.

Comentário por ToFicandoRouco

Será que escrevi demais……….

Comentário por Toel

Toel, se vc escreveu demais não sei, mas essa frase sua cara foi deeeeeeeizzzzz.

“prefiro ser o corinthiano do terrão que o fresco no japão”

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Comentário por ToFicandoRouco




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