Corinthians: Preto no Branco


5 de Dezembro de 1976
dezembro 5, 2009, 10:41 pm
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Há exatos 33 anos, no Brasil, acontecia o maior deslocamento humano da história nos tempos de paz. Foi o dia em que a Fiel invadiu o Maracanã para acompanhar o Timão no duelo contra o Fluminense, apelidado de “Máquina”, pela semifinal do Campeonato Brasileiro daquele ano.

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Calcula-se que metade dos 146.043 presentes naquele jogo eram corinthianos. Há quem diga que os alvinegros até superavam os tricolores em presença no estádio.

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A invasão é lembrada até hoje e foi provavelmente o maior agrupamento humano em função de um evento esportivo. Para comemorar o feito da mais Fiel torcida que existe, o blog traz hoje uma entrevista com o Ruço, autor do gol da invasão, que classificou o Timão para a final do Campeonato Brasileiro de 1976.

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Entrevista com o Ruço

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6 Comentários so far
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Boa Larissa,

Sensacional a entrevista com o Ruço.

Sobre a invasão:

Está no Guiness Book como a maior locomoção
em massa de pessoas em tempos de paz.

Meus tios que foram para lá dizem que pelo menos 20 mil pessoas andavam pelas ruas do Rio durante o jogo. Não conseguiram entrar por falta de ingressos.

Tinha milhares de fuscas e brazucas na estrada. Segundo meus familiares, eram filas ininterruptas com até 5 km de corinthianos. Houve quem tenha ido de carona, de moto e até a pé, como se noticiou na época.

Essa invasão foi fantástica, com certeza um marco, o maior espetáculo de uma torcida. Merecia um filme somente sobre ela.

Grande beijo!

Comentário por Ricardo

Obrigada, Ricardo. Foi meio complicado editar a entrevista pela forma em que se deu e pq eu não tenho os programas necessários, mas enfim, o importante é o conteúdo.

Quanto à invasão, meus familiares também tem grandes lembranças da época. E com certeza a Invasão merecia um filme próprio. Bom, existem alguns bons documentários sobre ela.

Abraços alvinegros.

Comentário por Larissa Beppler

Parabéns pela entrevista, Lara. Muito figura esse Ruço.

A invasão corintiana

por Nelson rodrigues

Uma coisa é certa: – não se improvisa uma vitória. Vocês entendem? Uma vitória tem que ser o lento trabalho das gerações. Até que, lá um dia, acontece a grande vitória. Ainda digo mais: – já estava escrito há seis mil anos, que em um certo domingo, de 1976, teríamos um empate. Sim, quarenta dias antes do Paraíso estava decidida a batalha entre o Fluminense e o Corinthians.

Ninguém sabia, ninguém desconfiava. O jogo começou na véspera, quando a Fiel explodiu na cidade. Durante toda a madrugada, os fanáticos do timão faziam uma festa no Leme, em Copacabana, Leblon, Ipanema. E as bandeiras do Corinthians ventavam em procela. Ali, chegavam os corinthianos, aos borbotões. Ônibus, aviação, carros particulares, táxis, a pé, a bicicleta.

A coisa era terrível. Nunca uma torcida invadiu outro estado, com tamanha euforia. Um turista que, por aqui passasse, havia de anotar no seu caderninho: – “O Rio é uma cidade ocupada”. Os corinthianos passavam a toda hora e em toda parte.

Dizem os idiotas da objetividade que torcida não ganha jogo. Pois ganha. Na véspera da partida, a Fiel estava fazendo força em favor do seu time. Durmo tarde e tive ocasião de testemunhar a vigília da Fiel. Um amigo me perguntou: – “E se o Corinthians perder?” O Fluminense era mais time. Portanto, estavam certos, e maravilhosamente certos os corinthianos, quando faziam um prévio carnaval. Esse carnaval não parou. De manhã, acordei num clima paulista. Nas ruas, as pessoas não entendiam e até se assustavam. Expliquei tudo a uma senhora, gorda e patusca. Expliquei-lhe que o Tricolor era no final do Brasileiro, o único carioca.

Não cabe aqui falar em técnico. O que influi e decidiu o jogo foi a torcida. A torcida empurrou o time para o empate.

A torcida não parou de incitar. Vocês percebem? Houve um momento em que me senti estrangeiro na doce terra carioca. Os corinthianos estavam tão certos de que ganhariam que apelaram para o já ganhou. Veio de São Paulo, a pé, um corinthiano. Eu imaginava que a antecipação do carnaval ia potencializar o Corinthians. O Fluminense jogou mal? Não, não jogou mal. Teve sorte? Para o gol, nem o Fluminense, nem o Corinthians. Onde o Corinthians teve sorte foi na cobrança dos pênaltis. A partir dos pênaltis, a competição passa a ser um cara e coroa. O Fluminense perdeu três, não, dois pênaltis, e o Corinthians não perdeu nenhum. Eis regulamento de rara estupidez. Tem que se descobrir uma outra solução. A mais simples, e mais certa, é fazer um novo jogo. Imaginem que beleza se os dois partissem para outro jogo.

Futebol é futebol e não tem nada de futebol quando a vitória se vai decidir no puro azar. Ouvi ontem uma pergunta: – “O que vai fazer agora o Fluminense?” Realmente, meu time não pode parar. O nosso próximo objetivo é o tricampeonato carioca. Vejam vocês: empatamos uma partida e realmente um empate não derruba o Fluminense. Francisco Horta já está tratando do tricampeonato. Estivemos juntos um momento. Perguntei: – “E agora?” Disse: – amanhã vou tomar as primeiras providências para o tricampeonato. Como eu, ele não estava deprimido. O bom guerreiro conhece tudo, menos a capitulação. Aprende-se com uma vitória, um empate, uma derrota. Só a ociosidade não ensina coisa nenhuma.

No seguinte jogo, vocês verão o Fluminense em seu máximo esplendor.

http://www.geocities.com/beijospratorcida/nelson.htm

(Repare na fonte “beijos pra torcida”)

Comentário por João Augusto

Muito legal a entrevista.

Sinto saudades do Ruço! Sua principal característica, reconhecida por todos, era sempre jogar para a frente. Com ele não havia passes laterais! Ele sempre buscava uma jogada ofensiva. Grande volante, com a falsa impressão de ser lento, mas, de grande eficiência! Troco o Marcelo Mattos por ele e ainda dou troco, ainda hoje!!!

Obs: O site dele é melhor que o do clube!

Comentário por Henrique M.

Valeu Larissa Eu estava buscando imagens dessa inesquecível invasão que vi no dia do meu aniversário de 12 anos ! Abraços corinthianos

Comentário por Milton Fernandes

larissa eu assisti na beira da dutra, começou na sexta feira após umas 4 da tarde, nos jornais e nas rádios já se previa uma invasão, eu e alguns amigos fomos ver e saudar , após as 19,00 horas a gente não acreditava , onibús , caminhões, carros motos com bandeiras e cabeças para fora dos onibus vibrando também ao ver tantas pessoas nos morros dos viadutos de entrada das cidades por onde eles passavam. a invasão durou até domingo , e mais bonito também foi ver a volta dos torcedores.
só presenciei algo parecido qdo um vandalo quebrou a imagem de nossa senhora aparecida que foi ser restaurada em sao paulo, e na volta a dutra ficou lotada tambem, mas ai eram todos os católicos , e o corinthians era só ele.
me encontrei rescentemente com uma namoarada daquela época e ao nos encontrarmos lembramos imediatamente daquilo que vivemos ao vivo.

Comentário por j nader.




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