Corinthians: Preto no Branco


Decepção de corinthiano para corinthiano
abril 10, 2010, 8:02 pm
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Por Felipe Rangel

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Estou profundamente envergonhado.

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Nos debates, optei por adotar uma postura serena. Aceitei mesmo as críticas de corintianos mais radicais, mas sem deixar de combater certa dose de pessimismo. Mas, decepcionado, constato que muitos dali tinham razão.
Lembro-me com carinho de 1987. O Corinthians chegou a ser lanterna do Campeonato. Chico Formiga veio e comandou uma fantástica reação. Nas semifinais, Edmar teve atuação espetacular: fez 4 dos 5 a 1 enfiados no Santos de Mendonça. O zero a zero seguinte garantia a passagem às finais.
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A final aconteceu contra um São Paulo mais arrumado e qualificado. Eles venceram a primeira por 2 a 1. Para chegar ao título, era necessária uma vitória, nem que fosse pela contagem mais simples.
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O seu destino, tão generoso até ali, resolveu assumir uma postura matreira. Os guerreiros tome que martelavam. Nesse dia, eu estava em viagem com família e amigos. Eu era o único ali que estava torcendo pelo Corinthians.
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No finalzinho, Mauro chuta… e vai na trave. Não era pra ser. Dulcídio selava com o apito o fim da história. Perder é da vida, e os guerreiros o fizeram em pé.
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Mas isso não volta mais.
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Em pleno alvorecer do centenário, o Corinthians dá um vexame monumental. Num campeonato de pouquíssimos times de gabarito fora do eixo dos gigantes, nem ao menos passa à fase decisiva. Pior: na rodada final, entregou sua sorte aos tropeços de um rival direto e um clube sem pátria.
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Não aconteceu. O elenco formado a fios de ouro tropeçou nas próprias pernas. Rodou o time, o que rendeu pouco entrosamento, algumas peças estiveram abaixo da crítica e o onze protagonizou vergonhas homéricas: empatou com o rebaixado Monte Azul, tomou verdadeiro baile do Santos – que só não virou goleada porque a molecada da Vila é muito ingênua – e caiu diante do tal nômade e de um Paulista que até então era o último colocado da competição.
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No descerrar das cortinas, fez uma pálida lição de casa: enfim goleou um certo Rio Claro. Mas já era tarde.
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Parecido com isso senti em 2007, com aquele arremedo que nem dá pra chamar de time que protagonizou o momento mais azedo da história. Mas mesmo eles tinham alguma alma. Eram incapazes, mas pelo menos lutaram. Este, no papel qualificado, tinha a OBRIGAÇÃO de ficar entre os quatro. Porque com luva de pelica esnobou o Paulista – um torneio que perdeu envergadura, mas está longe de ser desimportante – para priorizar a neura chamada Libertadores.
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Ao time que o Corinthians escolheu para os seus cem não falta só futebol. Carece também do espírito guerreiro que vi tão presente nos anos 80 e os mais versados em história cansam de exaltar dos escretes mais antigos. Por outro lado, a diretoria burramente mira seus esforços em uma coisa só – como já fizera em 2009.
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E a torcida, na demonstração mais suprema dessa minha decepção, se contenta em dizer amém. “Eu nunca vou te abandonar” não significa que as críticas não devam ser feitas. Mas ela fechou as suas portas para essa visão mais ampla.

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Continuarei torcendo e acreditando na taça, mas não mais com o mesmo otimismo de antes.

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Nota do Blog: Boa, Felipe. Falou tudo, inclusive o que essa blogueira calou, porque a decepção está grande demais para caber em palavras.


11 Comentários so far
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Ano passado nos concentramos na Copa do Brasil em detrimento a alguns jogos do Paulista.

Deu certo e conquistamos os 2.

Em 2010 temos claro que a meta é a Libertadores, e ficar fora das disputas das semis e das finais vai ser uma grande ajuda, nas medida em que poupamos assim um grande desgaste.

O texto do Felipe é um exagero , e eu discordo totalmente.

A situação em 87 era muito diferente da de hoje, o futebol profissional era completamente diferente do de hoje e ganhar o Paulista tinha um valor muito maior do que hoje.

Hoje o Corinthians e os Corinthianos querem a Libertadores, o Brasileiro, e também o Paulista, é claro, quando for o caso, mas com menor ímpeto.

Priorizar é escolher, priorizar é uma questão de concentrar esforços em um objetivo específico, e a cobrança é totalmente descabida e desnecessária.

Respeito as opiniões mas discordo totalmente, esses exageros acabam se tornado um fardo a mais para o Corinthian, já tão cobrado e criticado pela imprensa.

Abraços,

Zé Favela.

Comentário por José Freeman Junior

Zé. Concordo 100% com você. Colocar mais um fardo nas costas do time pra que?
Só faltou chutarem o carro do Ronaldo, com a Bia e filhinha dentro….de novo.
Sem contar, que apesar dos pesares, fomos “operados” na maior cara dura em muitos jogos do Paulista, (mesmo o time jogando mal)
Depois da mesa desfeita, e a barriga cheia, é fácil dar uma arrotadinha.
Os “sábios” certamente já sabiam que o Barueri, na merda, iria virar Prudente, em 3 meses ganhar 10 jogos seguidos.
Também sabiam que o Santo André, rebaixado tres meses atrás, iria jogar tudo isso.
E pra completar, sabiam que o Presidente do Santos,(quase rebaixado no fim do ano), fosse fazer uma parceria com o iraniano, que subitamente desapareceu das páginas policiais, e trouxe Robinho e outros para o rival. Ué o Kia não era da Fiel?
Exageros a parte, se o time jogou mal algumas partidas, é verdade que nas últimas cresceu significativamente. E isso é o que importa de fato. Estamos em ritmo ascendente. Vai Corinthians.!!!!

Comentário por Thiago Ferreira

Lara, muito obrigado pela publicação do texto.

Para o Zé, dou o meu boa-noite.

Obrigado pela divergência elegante. Em outros lugares, fui até acusado de não ser corintiano.

Venho replicar também de maneira respeitosa:

O fato de a Libertadores ser o torneio mais importante do semestre não dá ao Corinthians o direito de sofrer os tropeços que sofreu num Estadual de poucos bons times. Me desculpe, mas empatar com Monte Azul e Mirassol e perder para Prudente e Paulista não é admissível para um elenco dessa envergadura.

Tais resultados custaram caríssimo na definição dos semifinalistas.

Pra mim, perder o Paulista não é uma tragédia. Mas, de um time do tamanho do Corinthians, eu espero que pelo menos fique entre os 4 melhores de um torneio como esses.

É óbvio que o Estadual perdeu envergadura e importância… quando falei de 87 não quis fazer comparações relacionadas ao Paulista, mas à postura DO CORINTHIANS DE MANEIRA GERAL.

Nem precisa ir tão longe para ver o quanto ela mudou. Em 2002, ganhamos Rio-SP e Copa do Brasil… e nem por isso o time baixou a guarda no Brasileiro. No ano passado, foi evidente o desdém com que o Corinthians tratou o campeonato mais importante do país.

E uma instituição do tamanho do Corinthians não pode se dar ao luxo de simplesmente abrir mão de um campeonato porque “alcançamos a nossa meta”. Quero ver o meu time jogando pra vencer todos os campeonatos.

Se vai ser campeão ou não, é outra história.

Comentário por Felipe Rangel

Eu que agradeço por finalmente encontrar um texto que representasse um pouco do que sinto e pudesse falar por mim o que eu, do alto da minha revolta, não consegui.

Abraços alvinegros.

Comentário por Larissa Beppler

Sinceramente, não acredito que o Corinthians tenha desdenhado do Brasileiro do ano passado, assim como também não o fez nesse Paulista. Acredito é que com a venda de André Santos, Cristian e Douglas, quebrou-se a espinha dorsal do time, perde-se o famigerado “padrão” que ele ainda não achou novamente e que talvez nem ache mais tão cedo.

Os jogadores que vieram podem até ser melhores que os que partiram, mas aqueles se encaixavam como luva. Talvez o que falte não seja vibração, mas a mágica de quando um time joga afinado, coisa que tínhamos de sobra no primeiro semestre do ano passado e foi embora com o business.

Posso e espero estar errado, aguardarei ansioso.

Comentário por David Emmanuel

David, eu acho que no Brasileiro houve descaso, sim.

No Paulista talvez não tenha havido, mas faltou um “algo mais” que não poderia faltar.

É claro que não dá pra ganhar tudo. Mas nessa competição eu esperava pelo menos que se classificasse.

Comentário por Felipe Rangel

Lara,

Se possível gostaria que você comentasse um pouco sobre a eleição no c13. Quais as possíveis repercussões praticas e politicas ao SCCP.

Abraços,
R

Comentário por Rodrigo

Vou tentar fazer isso mais tarde. Tem um tempo que penso em comentar sobre, mas preferi aguardar algumas posições. Abraços alvinegros.

Comentário por Larissa Beppler

Larissa, onde está você?Sinto falta de seus textos e da beleza de pessoa que você é…abraços e sorte sempre.

Julio.

Comentário por Julio Cesar

Obrigada pelo carinho, Julio. Confesso que ando sem paciência p/ o blog, como você pode ver nesse post, nem consegui responder os comentários contrários ao texto, pq não me conformo com essa aceitação da torcida diante de uma bizarrice tão grande quanto a desclassificação do Paulista. Entendo que alguns queiram menosprezar o estadual ou tapar o sol com a peneira, mas não entendo não perceberem o erro estratégico, que p/ mim só evidencia ausência de planejamento, nesse pouco caso que fizeram do campeonato, já que uma vez desclassificado, a pressão na Libertadores aumenta 100%. Tudo que não precisamos, mas enfim…

Durante os jogos costumo postar no twitter e se tiver alguma dúvida sobre outros assuntos o formspring está aí p/ isso também. Tudo devidamente linkado no blog. 😉

Abraços alvinegros.

Comentário por Larissa Beppler

eu até escrevi no meu blog tbm o titulo de “Eu nunca vou te abandonar”, mas não porque eu disse amém pelo que a diretoria, comisão técnica e jogadores fizeram no paulita, e sim, porque nunca vou abandonar este estilo de vida que é chamado de Corinthianismo. No resto concordo com o texto. Acho que não foi levado a sério o paulista, algo que não tem a menor explicação. Não importa que o campeonato paulista não tenha mais o charme de antigamente, mas quando o destintivo Corinthiano estiver lutando em campo, ele deve ser honrado da melhor forma possível de quem o leva em seu peito. E isso, esteve bem longe de ter acontecido neste paulista, lamentavel.

Saudações alvinegras e um bjo Larissa!

Comentário por João Gabriel Dinis




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